segunda-feira, 12 de julho de 2010

pro-fundo e raso.


Preciso registrar

antes que o sol se ponha

antes que o meu sol

se ponha a apagar tudo.




Naquela segunda-feira de inverno à 34ºC por volta das 17:30 de uma tarde inútil eu olhei pela janela, de telhados em telhados via-se alguns fios cruzantes, algumas árvores feito gigantes a colher passarinhos mudos e o incomodante rosa do Ypê.

A janela fez-se a ontologia da vida, senti exatamente o que aqueles homem custavam a entender ao ver o que não sabia, esse buraco na minha parede, revestido em uma moldura metálica e vidros barram a vida e foi ele o responsável por esse questionamento, ainda que negando o pensar na hora em que a angustia arrebentou meus tímpanos como quem ouve Milton. Claro, se eu não me atrevesse a olhar, se eu não me atrevesse a atravessar o quarto, se eu não me atrevesse a abrir a janela e as persianas dos meus olhos...

Multicolor, na [con]fusão entre o dia e a noite a janela, por mais que me prenda, revela-me o avermelhado horizonte ligando se ao vértice azul, borrões roxos saltam a meus olhos, o branco tímido do algodão nenhum pouco doce quase me ilude.

Mas no quadrado perfeito da minha ontologia, a contemplação é cortada ao meio num lapso do repente rompendo quaisquer contemplação dos raios fúlgidos que brilham no não-céu da não-pátria. O relampado do acaso ou da reflexão fez-me ver que estou submerso, no fundo de um oceano vivo, protegido por uma casa impermeável às ideias de um mundo novo, da água nova.

O que revela-me um nada desse oceano afora fora o que eu até então negava com as persianas da minha casa, como aqueles homens, e negava por ser desconhecido, desconhecido e revolucionário.



[preciso revisar, mas não dormiria senão postasse.]

Um comentário:

Anônimo disse...

De fato, acho que compartilhamos de um mesmo beco, com uma velha e passada entrada e muitas saídas, ou talvez nenhuma.

Aqui está não está bom, lá seria ruim, e em qualquer lugar pode ser pior.


Estou digerindo ainda...

Muito bom!