terça-feira, 13 de julho de 2010

DEVOÇÃO

Meu altar é feito daquilo que sinto: conchas do mar nordestino, Nossa Senhora Aparecida, fitas do Senhor do Bonfim e meus discos de Maria Bethânia.

Iemanjá, Iansã, Xangô e o vento minuano. Uma foto de Elis.

Avenida Paulista, Ponte do Guaíba e a prosa de Graciliano. Ser-tão Guimarães e Ana Terra. Incenso de sete pimentas africanas.

Banho de alfazema, a bandeira do Rio Grande. O pampa na garupa em qualquer lugar que eu ande. Leminski.

A fé que me acompanha sem eu saber. Um verso de Torquato: um dia desses eu me caso com você.

Feminino.

Mulher.

A Lua.

VERMELHO.




Samba de roda. Uma roda de chimarrão.


Meu coração.




(Meggie - ou as letras que doem como uma catástrofe)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

pro-fundo e raso.


Preciso registrar

antes que o sol se ponha

antes que o meu sol

se ponha a apagar tudo.




Naquela segunda-feira de inverno à 34ºC por volta das 17:30 de uma tarde inútil eu olhei pela janela, de telhados em telhados via-se alguns fios cruzantes, algumas árvores feito gigantes a colher passarinhos mudos e o incomodante rosa do Ypê.

A janela fez-se a ontologia da vida, senti exatamente o que aqueles homem custavam a entender ao ver o que não sabia, esse buraco na minha parede, revestido em uma moldura metálica e vidros barram a vida e foi ele o responsável por esse questionamento, ainda que negando o pensar na hora em que a angustia arrebentou meus tímpanos como quem ouve Milton. Claro, se eu não me atrevesse a olhar, se eu não me atrevesse a atravessar o quarto, se eu não me atrevesse a abrir a janela e as persianas dos meus olhos...

Multicolor, na [con]fusão entre o dia e a noite a janela, por mais que me prenda, revela-me o avermelhado horizonte ligando se ao vértice azul, borrões roxos saltam a meus olhos, o branco tímido do algodão nenhum pouco doce quase me ilude.

Mas no quadrado perfeito da minha ontologia, a contemplação é cortada ao meio num lapso do repente rompendo quaisquer contemplação dos raios fúlgidos que brilham no não-céu da não-pátria. O relampado do acaso ou da reflexão fez-me ver que estou submerso, no fundo de um oceano vivo, protegido por uma casa impermeável às ideias de um mundo novo, da água nova.

O que revela-me um nada desse oceano afora fora o que eu até então negava com as persianas da minha casa, como aqueles homens, e negava por ser desconhecido, desconhecido e revolucionário.



[preciso revisar, mas não dormiria senão postasse.]

quarta-feira, 7 de julho de 2010

p a r a b r u n o

Tempo: trem da vida.
Amizade, locomotiva [louca e emotiva?]
o caminho, a música.
a paisagem, construída a cada gole,
pintada a cada pitada.

Em meio ao inverno, como de costume
chega.

essa é a vigésima segunda estação.
que passageiro irá embarcar?
que amigo já desembarcou?
qual Lp ira se arranhar?
que paisagem foi inútil?

deixo as respostas para o maquinista.
afinal, é ele quem conduz ...

Daqui, brindarei uma a ti.

Parabéns, nego!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

PINGA, PINGA
SALINAS
O HOMEM SALIVA
E PINGA, PINGA