sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

I love Sampa

Diante das águas-de-nãomarço antecipando antecipadamente o fim do verão, eis uma divagação pleonasticamente onírica: um desejo de sol escaldante refrescado por águas que não sejam primariamente pluviais...

Ah, que sol escaldante na terra da garoa. Calor. Queria surfar, mas as ondas de asfalto hoje não estão pra peixe. Queria tomar sol, mas a areia de concreto está lotada, não haverá espaço para minha canga aqui. Calor. Queria poder admirar os belos corpos à beira da praia, mas todos estão presos dentro de seus sisudos ternos. Queria sentir a água do mar sob os meus pés, mas eles estão enclausurados dentro dos meus saltos chiquérrimos. Calor. Queria sentir a brisa leve tocar meu rosto e meus cabelos, mas o excesso de ônibus e caminhões no meio da avenida não-atlântica impede a passagem do ar. Queria tomar um sorvete com meu camarada, mas me obrigam a tomar café, porque esta é a bebida da cidade do trabalho. Calor. Queria ver balançar os coqueiros do meu país tropical, mas as árvores de concreto não são maleáveis. Queria olhar para o mar ao som de Dorival, mas som que faz a cabeça dos paulistanos é o das buzinas dos automóveis. Tempo de calor: alguma coisa acontece no meu coração...
(MeggieLetras)


Ilustração de Déia Comedy

5 comentários:

Unknown disse...

considero um dos seus melhores textos! fantastico!

Anônimo disse...

A minha cidade o meu aconchego !

Mesmo com esse apelido baiano que uma certa gaúcha me deu,sou uma paulistana devota de São Paulo.
Seu som mesmo sendo de buzinas e
sua vida noturna que não para nunca!
Viva Sampa pa pa pa Viva Sampa pa pa pa pa...

Oi gentem, olha eu aqui de novuuuu..hihihihh

beiju
Gal

Unknown disse...

Vc já sabe, se quiser fazer isso tudinho, sabe pra onde tem que vir né! hehehehe, onde eu moro vc passa férias!
Um bjjj, vem pra cá sentir a calidez do atlântico!
Um xêro

Anônimo disse...

arrasoo!! esse desenho eh foda
hhahha
vou tentar conhhecer seu blog direito
se eu tiver paciência para me quedar na internet haha
deia_comedy

Thiaguito disse...

Na calidez deste asfalto eu me criei, ainda bem que aqui existe a garoa pra nos regar ou os trovões das tempestades que são os únicos capazes de abafar o barulho dos carros, aviões, gritos e confusões. Aqui as estações não se definem, como não se define essa gente ..a minha gente tão mutante e avante, espelho do progresso e da decadência. Das mansões às favelas não existe quem não tire um fruto se quer dessa terra que não recebe a brisa do mar pelo bloqueio da majestosa serra. Serra que antes desbravaram uma centena de bandeirantes e hoje são 11 milhões neste mosaico ambulante.